terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Mensagem do Papa Francisco para o dia mundial da paz

São Paulo, Brasil, 17 de janeiro de 2017.

Fonte: Página de internet do Vaticano. LINK AQUI.


O dia 1° de janeiro de 2017 celebra o 50° dia mundial da paz.

No dia 8 de dezembro passado, a respeito dessa data, o Papa Francisco divulgou mensagem de paz, exortando-nos  a fazer da não-violência ativa o nosso estilo de vida, adotando-a, assim como a caridade, como guias para as formas como nos tratamos nas relações interpessoais, sociais e internacionais.

Afirma peremptoriamente que,

"quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz. "

Em seu comunicado, o Papa lembra a primeira mensagem dessa natureza, de autoria do seu antecessor Paulo VI, de 1968, em que advertia contra o "perigo de crer que as controvérsias internacionais não se possam resolver pelas vias da razão, isto é, das negociações baseadas no direito, na justiça, na equidade, mas apenas pelas vias dissuasivas e devastadoras" e afirma, com clareza, que a paz é a única verdadeira linha para o progresso.

Lembra o Pontífice, que, se o século passado foi caracterizado por duas grandes guerras mundiais e pela ameaça da destruição nuclear, hoje a violência continua, "aos pedaços", assolando o mundo de maneiras diferentes, em diversos níveis, na forma de guerras, terrorismo, criminalidade e outras. Pergunta-nos o Papa:

"para quê? Porventura a violência permite alcançar objetivo de valor duradouro?".

Recorrendo à mensagem evangélica, lembra que Jesus ensinou incansavelmente aos seus discípulos a "amar o inimigo", a "oferecer a outra face". Recorda que o Mestre impediu a lapidação da mulher adúltera e recomendou que Pedro reembainhasse sua espada. Recordando as palavras de seu antecessor, Bento XVI, afirma que o amor ao inimigo constitui o núcleo da “revolução cristã", que a página evangélica – amai os vossos inimigos (conforme. Lucas 6, 27) – é, justamente, considerada "a magna carta da não-violência cristã" e que esta não-violência não consiste em render-se ao mal, mas em responder ao mal com o bem, quebrando dessa forma a corrente da injustiça.

Na missiva, o Papa convida-nos à reflexão sobre o poder da não violência, atendo-se a resultados históricos expressivos, como os alcançados por Madre Tereza, Mahatma Gandhi, Khan Abdul Ghaffar Khan, Martin Luther King Jr e Leymah Gbowee.

Numa citação de João Paulo II, convida os seres humanos a lutarem "pela justiça sem violência, renunciando tanto à luta de classes nas controvérsias internas, como à guerra, nas internacionais" e, num importante recado a todos os religiosos do mundo, declara:

"nenhuma religião é terrorista. A violência é uma profanação do nome de Deus. Nunca nos cansemos de repetir: jamais o nome de Deus pode justificar a violência. Só a paz é santa. Só a paz é santa, não a guerra."

A exortação do Sacerdote Máximo da Igreja Católica convoca cada ser humano a começar a revolução da não-violência dentro de casa, com a família, exercendo o respeito, o diálogo, a gentileza, a misericórdia e o perdão para com aqueles que estão próximos de si,

Por fim, pauta o Papa, seu programa de construção da paz pela não-violência, na carta com que a humanidade foi presenteada há aproximadamente 2000 anos, pelo Evangelho de Mateus, o Sermão da Montanha, e convida:

"No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações, palavras e gestos a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz."